sábado, 26 de junho de 2010

Empresa portuguesa no desenvolvimento da primeira vacina conjugada contra a tifóide

"Salmonella typhi" invade célula humana.

CienciaHoje
2010-06-21
O mundo da biotecnologia constrói-se de passos muito pequenos.

Em Portugal, uma empresa do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica deu um gigante ao produzir a primeira vacina conjugada contra a febre tifóide. A “inovação científica genuína” da GenIBET foi “construir um processo de fabrico para a vacina em larga escala”, explicou o presidente executivo, António Duarte. Ou seja, passar de uma “escala de dois litros”, no laboratório, para uma “escala de 50 litros”, que permita iniciar a produção industrial de um medicamento.

“Aquilo que funciona na bancada não funciona necessariamente numa escala maior, e se não funciona numa escala maior não há vacina. Se fizéssemos só dois litros de cada vez, não havia maneira de colocar esse produto no mercado. Nem sequer é uma questão de rentabilidade, é uma questão de exequibilidade”, clarificou.

Criada em 2006, a GenIBET centra a sua actividade na produção de biofármacos – medicamentos produzidos por biotecnologia – para ensaios clínicos, permitindo que a investigação laboratorial possa ser testada em humanos no longo processo de ensaios que tem de atravessar um medicamento antes de ser comercializado.

É a única “empresa de biotecnologia farmacêutica em Portugal, com produção de biofármacos que já foram testados em seres humanos com sucesso” e esta capacidade de transformar o produto de investigação laboratorial em material susceptível de ser submetido a ensaios clínicos é, segundo António Duarte, “uma ferramenta incontornável para o desenvolvimento da biotecnologia” no país.

“...A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente mortal que prevalece nos países e regiões com mau saneamento básico, nomeadamente na Ásia, África, América Central e do Sul. A associação da GenIBET ao desenvolvimento da primeira vacina conjugada contra esta doença que, se for bem sucedida em todos os ensaios clínicos, será única no mercado e passível de ser administrada a crianças, surgiu em 2008, devido a “uma pescadinha de rabo na boca”.

Será única no mercado e passível de ser administrada a crianças

Produção de biofármacos
Nesse ano, a empresa estava em condições de iniciar a produção de biofármacos, mas necessitava de um certificado do Infarmed, a autoridade nacional para os medicamentos, que garantisse o cumprimento de todas as boas práticas de produção.
Porém, “para termos o certificado tínhamos de produzir, e sem termos o certificado não podíamos produzir”, relatou António Duarte. Uma parceria com o Novartis Vaccines Institute for Global Health, um instituto sem fins lucrativos ligado à empresa farmacêutica Novartis, foi a possibilidade de avançar, pegando no antigénio já desenvolvido à escala laboratorial e produzi-lo à escala industrial.

“Para o nosso estádio, é [passar] do dia para a noite, nunca ter feito nada nesta área e passar a ter o primeiro biofármaco feito nesta área”, sublinhou o presidente executivo da GenIBET. Porém, ressalvou, em matéria de biotecnologia Portugal está ainda na “fase embrionária”.

"É indubitável que foram feitos avanços” e “começa a haver um fermento muito maior do que havia”, mas “em termos de criarmos valor com investimento próprio na área da biotecnologia e exportarmos biotecnologia estamos a dar os primeiros passos”.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=43645&op=all#cont

sexta-feira, 18 de junho de 2010

"Escrevo para desassossegar os meus leitores"


Morreu José Saramago (SAPO)
O prémio Nobel da Literatura (1988), José Saramago, faleceu aos 87 anos.


Biografia

José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18.
Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não tinha três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal.
Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas. No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões, a saber: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista.
Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 vivia exclusivamente do seu trabalho literário.
  http://livros.sapo.pt/noticias/artigo/27804.html

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Homenagem a Jacques Cousteau (1910-1997)


Jacques Cousteau em defesa do ambiente e da Humanidade

Centésimo aniversário do capitão que ensinou a ver os oceanos

2010-06-11
CienciaHoje
Por Luísa Marinho

O mais famoso e popular explorador marítimo de sempre Jacques-Yves Cousteau faria hoje 100 anos. Investigador, inventor, oceanógrafo, ambientalista e realizador de inúmeros documentários, o capitão do Calypso educou várias gerações com os seus filmes, desde os anos 40 até à década de 90. Faleceu em 1997, com 87 anos.


No seu curriculum como realizador figuram dois Óscares da Academia de Hollywood. O primeiro por «Le monde du Silence» (1956), realizado com Louis Malle, filme que também ganhou a palma de Ouro em Cannes, tendo sido o primeiro documentário a consegui-lo. Seguiu-se, em 1964, outro Óscar pelo «Le monde sans soleil» (1964).

Jacques Cousteau esteve na origem de uma série de inovações que permitiram uma mais eficaz exploração do fundo do mar, como é bom exemplo o «aqualung», desenvolvido em 1943 com Émile Gagnan, que permitiu os mergulhadores irem autonomamente para debaixo de água.

O famoso oceanógrafo nasceu a 11 de Junho em Saint André de Cubzac (França). Foi oficial da Marinha a membro da Academia Francesa. Durante a II Guerra Mundial, colaborou com os Aliados contra o regime colaboracionista de Vichy e o nazismo, tendo recebido diversas condecorações.





Aqua-lung, 1958 (clique para ampliar)

Em 1949, abandonou a Marinha e um ano depois fundou o French Oceanographic Campaigns (FOC) e alugou o navio Calypso ao multimilionário irlandês Thomas Loel Guinness por apenas um franco por ano.



Cousteau reformulou o navio transformando-o num laboratório móvel para a pesquisa de campo e para ser a sua principal embarcação para realização de mergulho e de filmagens. Começou, então, a as suas famosas aventuras a bordo do Calypso registadas em inúmeras séries televisivas, filmes e fotografias.

Em 1957 foi eleito director do Museu Oceanográfico do Mónaco e admitido na Academia de Ciências dos Estados Unidos.

Fé de aço na humanidade

O seu primeiro grande acto “político” como ecologista foi o protesto que em 1960 levou a cabo contra o Commissariat à l'énergie atomique que queria despejar detritos radioactivos no Mar Mediterrâneo. O Capitão Cousteau conseguiu um vasto apoio popular contra a medida.

O comboio que transportava os detritos foi obrigado a parar pois inúmeras mulheres e crianças sentaram-se nos carris impedindo a sua passagem. Foi obrigado a voltar para trás.

A partir dos anos 70 e até à sua morte viajou por todo o mundo batendo-se por causas sociais e ambientais, bastante patentes nos seus filmes e em declarações como esta:

“A situação do planeta é muito alarmante. Sempre que utilizo a razão e a lógica não consigo ver nenhuma possibilidade de mudar as pessoas, os decisores, de uma forma significativa e rápida o suficiente para salvar o que dever ser salvo. Mas isso é quando uso a razão. Quando penso com o coração, com a minha fé – e tenho uma fé de aço na humanidade – então torno-me optimista. Irá haver algo que desperte as pessoas, e, de repente, vamos perceber que temos de unir forças”.



Biólogo Gonçalo Calado reconhece em Cousteau uma figura determinante para a sua geração 

A ciência oceanográfica da segunda metade do século XX ficou marcada pela figura de Jacques-Yve Cousteau. Em conversa com o «Ciência Hoje», Gonçalo Calado, biólogo marinho, professor e Coordenador Científico do Instituto Português de Malacologia, reconhece que esta figura foi “determinante” para a sua geração perceber “o mar por dentro”.

“Cousteau foi um pioneiro. Este oficial da marinha fez mais pela divulgação dos oceanos do que os biólogos”, considera.Gonçalo Calado refere-se ao CG45, o aparelho autónomo de mergulho que Cousteau adaptou e ajudou a desenvolver como uma das maiores revoluções na investigação debaixo de água.

“Para os mais jovens ele pode não ser agora uma referência porque as coisas já evoluíram muito. Mas continua a ser inspirador porque foi um pioneiro”.

O biólogo recorda que foi ele o autor do primeiro filme feito debaixo de água «O Mundo do Silêncio» (1955), uma obra que continua a ser emblemática – ganhou mesmo o Oscar de Hollywood e a Palma de Ouro – apesar de apresentar práticas que hoje estão ultrapassadas. No filme, recorda, “vê-se a matarem um tubarão”.

Na última parte da sua vida, Cousteau “foi importante pela sua vertente de educação e sensibilização ambiental. Teve uma acção importante mesmo a nível político. Interferiu positivamente durante a guerra fria quando visitou Cuba com o Calypso ou quando fez os documentários na Amazónia em defesa do meio ambiente e das pessoas”.

Comentários
sofia vaz, em 2010-06-11 às 12:13, disse:
este filme vai passar na cinemateca na próxima semana, às 21.30. dia 15 de junho.