sexta-feira, 11 de junho de 2010

Homenagem a Jacques Cousteau (1910-1997)


Jacques Cousteau em defesa do ambiente e da Humanidade

Centésimo aniversário do capitão que ensinou a ver os oceanos

2010-06-11
CienciaHoje
Por Luísa Marinho

O mais famoso e popular explorador marítimo de sempre Jacques-Yves Cousteau faria hoje 100 anos. Investigador, inventor, oceanógrafo, ambientalista e realizador de inúmeros documentários, o capitão do Calypso educou várias gerações com os seus filmes, desde os anos 40 até à década de 90. Faleceu em 1997, com 87 anos.


No seu curriculum como realizador figuram dois Óscares da Academia de Hollywood. O primeiro por «Le monde du Silence» (1956), realizado com Louis Malle, filme que também ganhou a palma de Ouro em Cannes, tendo sido o primeiro documentário a consegui-lo. Seguiu-se, em 1964, outro Óscar pelo «Le monde sans soleil» (1964).

Jacques Cousteau esteve na origem de uma série de inovações que permitiram uma mais eficaz exploração do fundo do mar, como é bom exemplo o «aqualung», desenvolvido em 1943 com Émile Gagnan, que permitiu os mergulhadores irem autonomamente para debaixo de água.

O famoso oceanógrafo nasceu a 11 de Junho em Saint André de Cubzac (França). Foi oficial da Marinha a membro da Academia Francesa. Durante a II Guerra Mundial, colaborou com os Aliados contra o regime colaboracionista de Vichy e o nazismo, tendo recebido diversas condecorações.





Aqua-lung, 1958 (clique para ampliar)

Em 1949, abandonou a Marinha e um ano depois fundou o French Oceanographic Campaigns (FOC) e alugou o navio Calypso ao multimilionário irlandês Thomas Loel Guinness por apenas um franco por ano.



Cousteau reformulou o navio transformando-o num laboratório móvel para a pesquisa de campo e para ser a sua principal embarcação para realização de mergulho e de filmagens. Começou, então, a as suas famosas aventuras a bordo do Calypso registadas em inúmeras séries televisivas, filmes e fotografias.

Em 1957 foi eleito director do Museu Oceanográfico do Mónaco e admitido na Academia de Ciências dos Estados Unidos.

Fé de aço na humanidade

O seu primeiro grande acto “político” como ecologista foi o protesto que em 1960 levou a cabo contra o Commissariat à l'énergie atomique que queria despejar detritos radioactivos no Mar Mediterrâneo. O Capitão Cousteau conseguiu um vasto apoio popular contra a medida.

O comboio que transportava os detritos foi obrigado a parar pois inúmeras mulheres e crianças sentaram-se nos carris impedindo a sua passagem. Foi obrigado a voltar para trás.

A partir dos anos 70 e até à sua morte viajou por todo o mundo batendo-se por causas sociais e ambientais, bastante patentes nos seus filmes e em declarações como esta:

“A situação do planeta é muito alarmante. Sempre que utilizo a razão e a lógica não consigo ver nenhuma possibilidade de mudar as pessoas, os decisores, de uma forma significativa e rápida o suficiente para salvar o que dever ser salvo. Mas isso é quando uso a razão. Quando penso com o coração, com a minha fé – e tenho uma fé de aço na humanidade – então torno-me optimista. Irá haver algo que desperte as pessoas, e, de repente, vamos perceber que temos de unir forças”.



Biólogo Gonçalo Calado reconhece em Cousteau uma figura determinante para a sua geração 

A ciência oceanográfica da segunda metade do século XX ficou marcada pela figura de Jacques-Yve Cousteau. Em conversa com o «Ciência Hoje», Gonçalo Calado, biólogo marinho, professor e Coordenador Científico do Instituto Português de Malacologia, reconhece que esta figura foi “determinante” para a sua geração perceber “o mar por dentro”.

“Cousteau foi um pioneiro. Este oficial da marinha fez mais pela divulgação dos oceanos do que os biólogos”, considera.Gonçalo Calado refere-se ao CG45, o aparelho autónomo de mergulho que Cousteau adaptou e ajudou a desenvolver como uma das maiores revoluções na investigação debaixo de água.

“Para os mais jovens ele pode não ser agora uma referência porque as coisas já evoluíram muito. Mas continua a ser inspirador porque foi um pioneiro”.

O biólogo recorda que foi ele o autor do primeiro filme feito debaixo de água «O Mundo do Silêncio» (1955), uma obra que continua a ser emblemática – ganhou mesmo o Oscar de Hollywood e a Palma de Ouro – apesar de apresentar práticas que hoje estão ultrapassadas. No filme, recorda, “vê-se a matarem um tubarão”.

Na última parte da sua vida, Cousteau “foi importante pela sua vertente de educação e sensibilização ambiental. Teve uma acção importante mesmo a nível político. Interferiu positivamente durante a guerra fria quando visitou Cuba com o Calypso ou quando fez os documentários na Amazónia em defesa do meio ambiente e das pessoas”.

Comentários
sofia vaz, em 2010-06-11 às 12:13, disse:
este filme vai passar na cinemateca na próxima semana, às 21.30. dia 15 de junho.

Sem comentários:

Enviar um comentário