A crescente preocupação com as mudanças climáticas que vêm ocorrendo em todas as regiões do planeta tem levado pesquisadores a procurar soluções que possam amenizar a ação, na maioria das vezes prejudicial, dos fatores ambientais sobre a produção agrícola. A temperatura e a quantidade de água disponível são os elementos abióticos que mais preocupam os agricultores e cientistas.
Como o homem não tem capacidade de controlar esses fenomenos naturais, ele é obrigado a desenvolver técnicas que possam tornar os vegetais mais resistentes às adversidades. Muitas delas advêm da observação de processos biológicos que ocorrem normalmente na natureza, e foi assim que cientistas da United States Geological Survey, EUA, realizaram experimentos para testar o comportamento de plantas de arroz, em condições adversas de temperatura, quantidade de água disponível e salinidade, quando inoculadas com duas espécies de fungos.
O artigo com as informações sobre a pesquisa foi publicado na edição do dia cinco de julho da revista PLoS ONE.
Esta pesquisa teve como objetivo desenvolver variedades de plantas de arroz que sejam resistentes a intempéries, atendendo a necessidade das áreas que sofrem diretamente com as conseqüências das alterações climáticas, como enchentes, secas, chuvas excessivas, variações bruscas de temperaturas entre outras. Repetidos casos de inundações em países costeiros do oriente, produtores de arroz, têm levado os agricultores a grandes prejuízos pelo aumento da salinidade do solo e à baixa disponibilidade de água e em conseqüência disso, a escassez do produto.
Ao estudar plantas habitantes de regiões costeiras (solos com alta salinidade) e geotermais (com temperaturas altas) como a Lotus mollis e a Dichanthelium lanuginosum, respectivamente, os cientistas descobriram que o que as tornam resistentes a esses fatores abióticos não são propriamente uma característica genética, mas sim uma interação com as espécies de fungos endófitos conhecidas como Fusarium culmorum e Curvularia protuberata. Esse processo é conhecido como Simbiose Adaptada ao Habitat.
Os fungos foram inoculados em sementes de arroz, as quais originaram vegetais que foram testados em diferentes condições climáticas no intuito de observar o seu desenvolvimento. Os resultados dos experimentos foram positivos, pois as plantas de arroz adquiriram maior tolerância ao sal, a baixas temperaturas e à seca, mesmo não sendo essas variedades originalmente adaptadas a estes fatores de estresse.
O objetivo da equipe agora é desenvolver plantas de arroz resistentes ao calor.
Um dado interessante é que a interação desses fungos com a planta não confere nenhuma modificação genética nos vegetais hospedeiros, dessa forma os pesquisadores só precisam copiar esse processo natural no laboratório.
Essas descobertas podem significar grandes beneficios para a agricultura em todo o mundo, possibilitando o cultivo de diversas espécies de alimentos, mesmo que em condições climáticas adversas. Assim como em outros países que sofrem com diferentes tipos de intempéries, o Brasil com suas constantes secas em alguns estados do norte e nordeste e enchentes em outros, pode ser beneficiado de maneira bastante expressiva. Talvez a maior vantagem desse processo seja o fato de ser desnecessária a alteração genética das plantas, que pode significar um menor custo e maior acessibilidade pelo produtor.
19/07/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
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