CienciaHoje
Maria do Carmo Fonseca, de 51 anos, directora executiva do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, venceu hoje o Prémio Pessoa 2010. É a primeira mulher cientista a ganhar, isoladamente, o galardão. Até hoje foram distinguidos os seguintes investigadores: António Damásio e Hanna Damásio, João Lobo Antunes e Manuel Sobrinho Simões.
Segundo Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri, disse hoje em conferência de imprensa no Palácio de Seteais (Sintra), a atribuição advém da “hierarquia de uma excelência que se tem afirmado cada vez mais, nos últimos anos”. E continuou: “O júri quis sublinhar a importância da ciência no desenvolvimento do país e a sua confiança no futuro da investigação básica em Portugal”.
O presidente do júri justificou a atribuição do prémio à directora executiva do IMM pela "cultura de rigor" na prática científica que este instituto promove e que tem sido "determinante na atracção de uma plêiade de jovens investigadores, muitos dos quais doutorados fora do país".
A especialista em genética molecular recebeu hoje com "muito orgulho e grande satisfação" a notícia, e considerou que "não poderia ter havido melhor altura para passar uma mensagem e voto de confiança na ciência” que se faz por cá. "Sou uma, entre muitos cientistas portugueses, que fez a sua formação no estrangeiro e optou por regressar para fazer investigação em Portugal" e, também porque "tomei esta decisão, estou a ajudar a construir um instituto para atrair jovens investigadores que estejam no estrangeiro para virem fazer a sua ciência no nosso país”, acrescentou.
A directora do Instituto de Medicina Molecular, Maria do Carmo Fonseca, é a vencedora da edição 2010 do galardão. Dinheiro vai ser todo investido em investigação.
Aprovação consensual
O investigador Alexandre Quintanilha escreveu em comunicado que “é altamente merecida" a distinção a esta cientista cujo trabalho “tem contribuído fortemente para o desenvolvimento da área das ciências da vida e da saúde em Portugal" e que "continua a ter impacto no domínio da biologia molecular e celular".
Por seu lado, Raquel Seruca, vice-presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), aplaudiu a atribuição do Prémio Pessoa 2010 e refere-se a Maria do Carmo Fonseca como uma “cientista de topo” que “tem feito a diferença na criação de um instituto ligado à ciência básica e de translação em Portugal e tem contribuído para levar Portugal a vários comités internacionais da maior categoria científica”.
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A investigação de Maria do Carmo Fonseca centra-se “na melhor compreensão de doenças causadas por erros da natureza", através do processo de descodificação das células humanas.
CienciaHoje (2005-04-24)
O Programa EuroDYNA reúne cientistas de várias áreas – biólogos, bioquímicos, matemáticos, físicos -, em projectos de investigação transdisciplinares. Como resultado do primeiro concurso de projectos, foram seleccionadas apenas 9 de entre as 57 propostas apresentadas a concurso, entre as quais a proposta coordenada pela Profª Maria do Carmo Fonseca. Os coordenadores do 9 projectos agora financiado fazem parte do Conselho Científico do Programa EuroDYNA, que tem, entre outras, a importante missão de definir uma política de funcionamento em rede dos vários projectos.
O programa de investigação EuroDyna surge como resultado da recente elucidação da estrutura do genoma de vários organismos, incluindo o genoma humano. Uma vez identificada a estrutura de um genoma, é necessário compreender a sua função, ou seja, compreender de que forma o genoma codifica a expressão dos milhares de genes que o compõem.
O grupo de investigação coordenado pela Profª Maria do Carmo Fonseca dedica-se particularmente a desvendar o processo de descodificação da informação genética nas células humanas. Este grupo de investigadores está interessado em estudar os sistemas de controlo de qualidade que operam nas células e o modo como falhas nestes sistemas provocam doenças.Os princípios e os mecanismos de controlo da expressão genética são vitais para o entendimento de inúmeras doenças e para o desenvolvimento de processos de engenharia genética, como, por ex., processos utilizados em terapia genética ou em engenharia de células estaminais.
A compreensão dos mecanismos de funcionamento dos genes é essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias genéticas com aplicações terapêuticas.
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Maria do Carmo Fonseca - Uma vida na Ciência |
O Prémio DuPont, instituído em 1991 por Severo Ochoa, foi criado precisamente com o objectivo de incentivar e valorizar trabalhos que contribuam para o avanço da ciência.
Em 2002, foi a primeira vez que o prestigiado galardão permitiu a candidatura de portugueses. Venceu uma cientista nacional. Por unanimidade. Como explica de forma apaixonada, é à Genética Molecular que tem dedicado os últimos anos da sua carreira de investigadora. "Os genes contêm a informação que determina a célula. Decidi estudar o seu surgimento para perceber de que modo é que dá origem a células com funções diferentes. Se soubermos como funciona o gene, percebemos a raiz da doença."
Ou seja, uma vez decifrado o seu modo de funcionamento, poderá perceber-se como corrigir o que está errado e encontrar tratamentos, já que "a maior parte das doenças, como o cancro, são causadas por alguma malformação genética".
E com a mesma naturalidade revela que os 30 mil euros (seis mil contos) do seu prémio serão para melhorar o laboratório a que tem dedicado os últimos 10 anos da sua carreira. "Vou doar o dinheiro para o que mais gosto de fazer. Isto é estatal, mas também é meu. Além disso, o prémio só foi possível graças ao trabalho de toda a equipa", justifica.
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