No Brasil, o ano de 2010 foi bastante positivo para a biotecnologia, com destaque para as diversas aprovações comerciais de organismos geneticamente modificados (OGM). Considerando os cultivos comerciais de soja, milho e algodão, foram oito liberações, outras três para a produção de vacinas e uma referente à levedura.
Dessa forma, o país já possui à disposição, 27 organismos GM, ligados ao setor agronômico, liberados, com destaque para uma levedura modificada destinada à produção de óleo diesel a partir de cana-de-açúcar. Dentre as culturas, a soja obteve duas aprovações, as plantas tolerantes ao glifosato de amônio e uma resistente a insetos e ao glifosato. No caso do milho, foram liberados quatro organismos GM para tolerância a insetos e a herbicidas de diferentes classes, já para o algodão, foi aprovado o transgênico resistente ao glifosato.
As perspectivas para 2011 em relação às novas aprovações são ainda maiores, para o milho e para o algodão e possivelmente para o feijão expressando resistência ao vírus do mosaico dourado. Todos esses são resultados inéditos para a biotecnologia mundial, pois trata‐se do desenvolvimento das primeiras plantas transgênicas totalmente produzidas por instituições públicas de pesquisa, nesse caso, a Embrapa Recursos Genéticos, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão.
De acordo com o estudo realizado pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e pela empresa de consultoria Céleres Ambiental, nos últimos 10 anos, o país economizou cerca de US$ 5,9 bilhões com o uso dos transgênicos, principalmente em água e combustível, sendo que nesse último caso houve, como consequência direta, uma redução na emissão de CO2. As perspectivas mostradas no levantamento atual revelam que até 2020 a redução nos gastos de água e combustíveis, assim como nas quantidades de defensivos agrícolas, será ainda maior.
Em termos de produção, a situação dos estoques mundiais de soja, milho e algodão exigem grande atenção, sendo que a soja apresenta um momento menos preocupante, já que seu estoque nos anos 2009/2010 manteve uma média alta (40%) em relação aos últimos 10 anos e o algodão ficou em torno dos 12%.
No momento, o quadro que causa maior preocupação é o do milho, produto largamente utilizado na alimentação humana e animal, e somado a isso, deve-se levar em consideração também o seu uso para a produção de etanol pelos EUA, que é o maior produtor do mundo. Em entrevista ao Jornal Correio do Estado, o agrônomo da Céleres, Anderson Galvão, destaca que se os Estados Unidos, que terminaram o ano com um estoque para 18 dias de consumo, tiverem problemas em sua safra, e com isso há grandes chances do mundo sofrer escassez do produto.
Na posição de segundo maior produtor de transgênicos do mundo, o Brasil, que se destaca pela produção de milho, semeou mais de 57% da sua área com essas plantas geneticamente modificadas na safra 2010/2011.
Em entrevista ao portal Ciência Hoje, o presidente da BRBiotec, Fernando Kreuds, destacou a necessidade de transformar pesquisa em produtos, unindo a academia com o empreendedorismo. Segundo Kreuds, o domínio da tecnologia para produção do bioetanol abriu as portas da biotecnologia brasileira para o mundo, mostrando todo o potencial dessa indústria. Levando em consideração todos esses fatores, fica claro que o desenvolvimento da biotecnologia, nos seus mais variados segmentos, exige uma forte base acadêmica e científica.
Entretanto, é necessário também um setor produtivo capaz de transformar a produção acadêmica e científica em bens e serviços, assim como a criação de um ambiente institucional que ofereça ao mesmo tempo segurança ao empresário inovador e a sociedade como um todo, de forma a minimizar os riscos inerentes às atividades investigativas e produtivas no campo da biotecnologia.
01/04/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
http://www.biotec-ahg.com.br/index.php/pt/acervo-de-materias/assuntos-diversos/717-crescimento-biotecnologico-brasileiro
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