quinta-feira, 9 de outubro de 2008
A cor verde que iluminou o estudo VIDA _ Prémio Nobel da Química 2008
LUÍS NAVES
O Nobel da Química de 2008, ontem divulgado em Estocolmo, premeia a descoberta e desenvolvimento da Proteína Fluorescente Verde (GFP, na sigla inglesa), instrumento com amplas aplicações na própria investigação científica. Os três investigadores (um japonês e dois americanos) criaram uma ferramenta que permite melhorar a observação dos tecidos vivos.
A importância da GFP, segundo as palavras de Roger Tsien, deve-se “...ao impacto que teve em muitas áreas das ciências biológicas porque forneceu aos investigadores uma ligação directa entre os genes e o DNA e algo que se pode ver no interior de uma célula ou organismo”.
Nos laboratórios de todo o mundo, a GFP é utilizada para seguir processos biológicos complexos, anteriormente invisíveis, tais como o desenvolvimento de tumores ou o funcionamento de células nervosas, entre outros tecidos.
Um terço do prémio irá para o japonês Osamu Shimomura, que em 1962 isolou a GFP dos tentáculos de uma pequena medusa, Aequorea victoria, comum nas águas ao largo da América do Norte. O cientista conseguiu extrair uma quantidade da fotoproteína a partir de dez mil medusas, o suficiente para estudar as respectivas propriedades. Shimomura percebeu que podia alterar a forma da proteína e provocar uma emissão de fotões.
O trabalho da dupla americana que receberá os outros dois terços do prémio desenvolveu a aplicação na área da bioquímica. Martin Chalfie mostrou que a proteína podia ser usada como marcador dos processos biológicos. Numa das suas experiências, coloriu células individuais num organismo naturalmente transparente, o nemátodo Caenorhabditis elegans, que tem 959 células. O trabalho de Chalfie também permitiu isolar o gene responsável pela fluorescência, facilitando a fabricação industrial da proteína.
Por seu turno, Roger Tsien conseguiu criar uma verdadeira paleta de cores, o que permite hoje aos cientistas seguir vários processos bioquímicos ao mesmo tempo, associando os marcadores ao estudo das diferentes proteínas.
As aplicações destes desenvolvimentos são muito numerosas. Isso foi sublinhado pelo biofísico português José Rino, do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa. Segundo explicou o cientista, citado pela Lusa, o processo permite "estudar a dinâmica e a interacção das proteínas dentro das células". As investigações baseadas na GFP já deram origem a mais de 20 mil artigos científicos, acrescentou José Rino.|
dn.sapo.pt
ver ainda aqui (atualizado - revista virtual de Química de Fev2009)
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