Ambiente permite disseminação de bactérias multirresistentes a antibióticos
Uma equipa de investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) publicou um artigo que sublinha a necessidade da implementação de normas em Portugal e na Europa que obriguem à quantificação de genes e bactérias multirresistentes a antibióticos (de vários grupos químicos) após tratamento de águas residuais, contribuindo assim para evitar a sua proliferação no ambiente. Este é um tema que tem suscitado crescente preocupação por parte das autoridades de saúde em todo o mundo.
Assinado por Alexandra Moura, Carolina Pereira, Isabel Henriques e António Correia, o artigo «Novel gene cassettes and integrons in antibiotic-resistant bactéria isolated from urban wastewaters», sobre a resistência a antibióticos das bactérias presentes em águas residuais urbanas, foi publicado no «Research in Microbiology». O portal Global Medical Discovery recomendou-o como “de especial interesse” para o desenvolvimento de novos fármacos.
O trabalho destaca o papel das águas residuais urbanas como veículo de disseminação de bactérias multirresistentes a antibióticos e sublinha a necessidade de aplicar métodos de eliminação destes agentes que subsistem mesmo após o tratamento secundário que é feito na grande maioria das estações de tratamento (ETAR) em Portugal. A solução passaria pela aplicação do tratamento terciário que, na versão plena, envolve remoção de nutrientes e eliminação de bactérias por tecnologias dispendiosas, sobretudo no último caso.
Novas sequências de genes
O estudo coordenado por António Correia, professor do Departamento de Biologia da UA e investigador do CESAM, identificou ainda novas sequências de genes envolvidos na resistência a antibióticos e virulência bacteriana. As águas residuais contêm bactérias habituais no meio aquático associadas a outras que vivem comummente no organismo humano. Algumas são patogénicas, causadoras de doenças.
É um meio onde se dispersam pedaços de genes provenientes de bactérias mortas, nutrientes e ainda restos de medicamentos, favorável à troca de material genético entre as bactérias activas. Estas captam sequências de genes através de estruturas especializadas entre as quais estão os chamados integrões. Incorporam-nas para seu próprio benefício e num meio contaminado por medicamentos esse benefício pode ser o aumento da resistência aos antibióticos.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53119&op=all
gaivotas - Aves de Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário