por DN.pt
e CienciaHoje 2010-03-25
Segundo o Globo.com, que cita o Sydney Morning Herald, o plasma sanguíneo de James Harrison tem sido utilizado na criação de uma vacina, ministrada às grávidas, para evitar que os seus filhos venham a sofrer da doença de Rhesus– ainda conhecida como doença hemolítica ou eritroblastose fetal, que causa uma incompatibilidade entre o feto e a mãe. A enfermidade ocorre quando o sangue da mãe é Rh- e o do bebê é Rh+. Após uma primeira gravidez nestas condições ou após ter recebido uma transfusão contendo sangue Rh+, a mãe cria anticorpos que passam a atacar o sangue da criança.
A vacina Anti-D previne a formação de anticorpos contra eritrócitos Rh-positivos em pessoas Rh-negativas, no entanto, o sangue de Harrison é capaz de combater essa situação, mesmo depois do nascimento da criança, prevenindo assim a doença.
A doença pode ser evitada pela administração profilática do soro (erroneamente denominado "vacina") Imunoglobulina anti-D, tanto durante a gestação (alguns protocolos sugerem administração após a 28o semana) , mas especialmente após o nascimento (até 72 horas após) para evitar-se a sensibilização materna e consequentemente danos aos fetos nas gestações ulteriores.
http://wapedia.mobi/pt/Imuno-hematologia
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Conforme explica o Globo.com, após as primeiras doações de sangue à cruz vermelha australiana, foi descoberta essa qualidade única do sangue de James Harrison, que passou a ser conhecido como "o homem do braço de ouro" e já salvou a vida a 2,2 milhões de recém nascidos australianos.
Harrison, que nunca tinha pensado em doar sangue, tornou-se voluntário para pesquisas e testes científicos que resultaram no desenvolvimento da vacina Anti-D que combate a doença de Rhesus, causa de morte e de danos cerebrais em milhares de recém nascidos na Austrália. Ao longo de mais de dez anos, James Harrison já fez 984 doações de sangue e estima-se que ainda chegue às mil doações ainda este ano. O seu sangue é considerado tão especial que recebeu um seguro de vida no valor de um milhão de dólares australianos, adianta o Globo.com."
Doença Hemolítica ou Eritoblastose fetal
"A doença hemolítica por incompatibilidade Rh é causada por uma incompatibilidade sangüínea materno-fetal referente ao sistema Rh. O sistema Rh é constituído de 48 antígenos (proteínas presentes nas membranas dos eritrócitos), sendo o mais importante, o antígeno D. A presença, ou ausência, do antígeno D denota positividade, ou negatividade, para o fator Rh, respectivamente, ou seja, presença do antígeno D é igual a grupo sangüíneo Rh +, enquanto, ausência do antígeno D, igual a grupo sangüíneo Rh -.
Geneticamente, os indivíduos D positivo (Rh +) podem ser homozigotos para o antígeno D, ou heterozigotos. Homens D positivo (Rh +) homozigotos casados com mulheres D negativas (Rh -) só poderão gerar filhos D positivos (Rh +), enquanto que, homens D positivo (Rh +) heterozigotos casados com mulheres D negativo (Rh -) poderão gerar filhos D positivos (Rh +) ou D negativos (Rh -).
Os fetos Rh + (D positivos) podem causar imunização nas gestantes Rh - (D negativo), ou seja, podem estimular a produção de anticorpos maternos anti-D contra as hemáceas fetais. A imunização (produção de anticorpos anti-D pela gestante) deve-se a passagem de hemáceas fetais para a circulação sangüínea materna, que ocorre em 3% das gestantes no primeiro trimestre, em 12% no segundo trimestre, em 45% no 3º trimestre, e, em 64% dos casos, imediatamente após o parto. Além disso, algumas condições, também, aumentam a presença de hemáceas fetais, na circulação sangüínea materna, tais como aborto espontâneo ou terapêutico, gravidez ectópica, realização de procedimentos durante a gestação, como amniocentese, cordocentese e amostra de vilo coriônico.
Qualquer que seja a causa da imunização, na gravidez seguinte os anticorpos maternos anti-D atravessam a placenta, a partir de 12 semanas de gestação, e destroem as hemáceas fetais D positivas (Rh +), a esse fenômeno de destruição das hemáceas chamamos de hemólise. Muito raramente a hemólise poderá ocorrer na primeira gestação, no entanto, o mais freqüente é ocorrer a imunização na primeira gestação e a hemólise nas gestações posteriores.
A prevenção é a conduta mais importante em relação a doença hemolítica por incompatibilidade Rh! Ela consiste na administração de imunoglobulina anti-D (Rhogam, Mathergam) em mulheres Rh - e com exame coombs indireto negativo (isto é ausência do anticorpo anti-D na circulação sangüínea). A imunoglobulina anti-D "neutraliza" o antígeno D presente nas hemáceas fetais Rh +, que passaram para circulação sangüínea da gestante, impedindo, assim, a produção de anticorpos anti-D pela mesma. Logo, a imunoglobulina anti-D deverá ser feita nas seguintes situações:
Pós aborto espontâneo ou terapêutico.
Pós gravidez ectópico.
Pós procedimentos (Amniocentese, cordocentese, amostra de vilo coriônico) realizados durante a gestação.
Durante o pré-natal na 28ª/29ª semana de gestação.
Até 72h após o parto, se o recém-nascido for Rh +. Caso o recém-nascido seja Rh -, semelhante a mãe, não haverá necessidade de administrar a imunoglobolina anti-D, uma vez que não se caracterizou a incompatibilidade sangüínea materno-fetal. "
Fonte(s):Médica Neonatologista