02/10/2009 - 11:06 - The New York Times
Ardi, a versão mais curta de Ardipithecus ramidus, é o mais novo esqueleto fóssil descoberto na África que entrará para a galeria da origem da raça humana.
Com 4,4 milhões de anos, este hominídeo viveu muito antes e era mais primitivo que a famosa Lucy de 3,2 milhões de anos, da espécie Australopithecus afarensis.
Desde a descoberta de fragmentos do hominídeo mais velho em 1992, uma equipe internacional de cientistas tem procurado mais espécimes e na quinta-feira apresentou um esqueleto bastante completo e sua primeira análise.
Substituindo Lucy como o primeiro esqueleto conhecido da raça humana na árvore genealógica da família primata, segundo os cientistas, Ardi abre uma janela para "os primeiros passos evolutivos que nossos antepassados deram depois que nós divergimos de nosso antepassado comum com os chimpanzés".
Representação e restos dos fosseis de Ardi
O hominídeo mais velho já era tão diferente dos chimpanzés que sugeria que "nenhum macaco moderno pode ser usado para caracterizar a evolução dos primeiros hominídeos", eles escreveram.
O espécime Ardipithecus, uma fêmea adulta, tinha cerca de cerca de 1m20 de altura e pesava 55 quilos, quase 30 cm mais alto e duas vezes mais pesado que Lucy. Seu cérebro não era maior do que o de um chimpanzé moderno.
O hominídeo mantinha a agilidade para subir em árvores mas já caminhava sobre duas pernas na vertical, uma inovação transformadora para os hominídeos, entretanto não tão eficazmente quanto a família de Lucy.
Os pés de Ardi ainda teriam que desenvolver a estrutura em arco que veio depois com Lucy e consequentemente para os humanos.
As mãos eram mais parecidas com a de macacos extintos. E os braços muito longos e pernas curtas também se assemelham às proporções de macacos extintos.
Tim D. White da Universidade da Califórnia, Berkeley, líder da equipe, disse em uma entrevista esta semana que o gênero Ardipithecus parece solucionar muitas incertezas a respeito "da fase inicial de adaptação evolutiva" depois que a linhagem dos hominídeos se dividiu da dos chimpanzés.
Nenhum rastro fóssil do último antepassado comum, que viveu em algum momento há 6 milhões de anos de acordo com estudos genéticos, foi descoberto até agora.
As outras duas fases significativas aconteceram com o surgimento do Australopithecu, que viveu aproximadamente entre 4 milhões e 1 milhão de anos atrás, e então o aparecimento do Homo, nosso próprio gênero, a menos de 2 milhões de anos.
A relação ancestral entre o Ardipithecus e o Australopithecus não foi determinada, mas a família australopithecine de Lucy é geralmente reconhecida como o grupo ancestral do qual o Homo evoluiu.
Cientistas não envolvidos na nova pesquisa aclamaram sua importância, colocando o esqueleto de Ardi em um pedestal ao lado de figuras notáveis na evolução dos hominídeos como Lucy e o Menino de Turkana de 1,6 milhão de anos, um espécime quase completo de Homo erectus com anatomia notavelmente semelhante ao Homo sapiens moderno.
- Anne Lawrence Guyon
Ardi representa o ramo mais próximo do ancestral comum entre seres humanos e chimpanzés, que se separaram há 7 milhões de anos. Apesar desta proximidade com o ancestral comum, Tim White afirma que o fóssil não é tão parecido aos chimpanzés como era esperado. O facto de aparentemente Ardi se deslocar de pé, e não apoiada nos nós dos dedos, fazem-na mais similar aos humanos, enquanto que a presença de um polegar opositor nos pés, por exemplo, mostra as suas semelhanças com gorilas e chimpanzés. Assim, a investigação tem de continuar para conseguirmos completar o puzzle da Evolução do Homem.
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