sábado, 23 de janeiro de 2010

Retrato genético de bactéria multirresistente a antibióticos

Estudo com participação portuguesa publicado hoje na «Science»
CienciaHoje _2010-01-22


"A crescente resistência das bactérias aos antibióticos representa um grave problema de saúde pública. Olhando para um dos agentes infecciosos mais temido nos hospitais, a bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), e usando uma tecnologia avançada para sequenciação completa de genomas, uma equipa internacional de investigadores – que, em Portugal, contou com a coordenação de Hermínia Lencastre, docente no Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) – seguiu a história de um clone epidémico, ao longo de quatro décadas, através do globo. O trabalho é publicado hoje na revista «Science»."



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"A Staphylococcus aureus é uma das espécies patogénicas mais comuns e a mais virulenta do seu género."
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Mutações

Ao longo da sua história, as bactérias vão acumulando alterações no DNA (mutações) que por vezes se traduzem na aquisição de resistência aos antibióticos. Calculando a velocidade com que se deram as mutações na linhagem estudada, os cientistas estimaram a sua origem nos anos 60, uma altura em que o uso de antibióticos se generalizou na Europa. No entanto, há descendentes com mutações iguais adquiridas de forma independente.

Concentrando-se depois na evolução das bactérias à medida que são transmitidas de um doente para outro, os investigadores estudaram 20 amostras recolhidas ao longo de sete meses num hospital no Nordeste da Tailândia. Graças à sensibilidade da técnica, verificaram que não há duas infecções provocadas exactamente pela mesma bactéria embora algumas amostras sejam mais parecidas entre si do que outras.

As cinco amostras mais parecidas diferiam ao todo em apenas 14 letras (bases) do seu código genético e a sua relação genealógica foi corroborada com a sua origem: pacientes em enfermarias adjacentes em períodos de tempo coincidentes.

Selo português

O trabalho envolveu mais dois investigadores portugueses, para além de Hermínia de Lencastre, coordenadora desde 1995 de uma rede de caracterização de MRSA e foi reconhecida pela Science Watch como a investigadora com mais publicações na área, segundo dados de 2008.

Para esta professora catedrática do ITQB, “é muito gratificante ver como o trabalho de epidemiologia molecular, realizado durante 20 anos, aliado à acessibilidade da sequenciação completa de genomas nos dá mais uma ferramenta de combate às MRSA”.”

Com uma colecção de milhares de isolados de algumas das bactérias patogénicas mais importantes para o Homem, a cientista espera agora seguir a evolução, no espaço e no tempo, de outros agentes patogénicos e "contribuir também para o combate a outras infecções importantes".

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