sábado, 9 de janeiro de 2010

"Um passo à frente no saber? ... Falhanço culinário!?

"Em 1924, o cientista russo Karpechenko realizou diversas experiências com plantas, tentando reunir características com interesse económico de diversos organismos numa única espécie. Uma das experiências que realizou visava o obter uma planta com a raiz comestível do rabanete e as folhas da couve.



Brassica oleracea





Tanto a couve como o rabanete apresentam um número diplóide de 18.
Após o cruzamento , Karpechenko verificou que o híbrido resultante também apresentava 2n=18 mas era estéril. No entanto, alguns híbridos apresentavam 2n=36 e esses eram todos férteis.





Raphanus sativus L.


A explicação para este facto reside na poliploidia (mutação cromossómica numérica): no híbrido os cromossomas não emparelham na meiose logo este é estéril,  mas se existir uma duplicação do total dos cromossomas (após a replicação do DNA não ocorre a disjunção cromossómica) o híbrido irá apresentar dois conjuntos completos de cromossomas, permitindo o emparelhamento. O híbrido tetraplóide produz, assim, gâmetas 2n viáveis.

Assim, Karpechenko durante a experiência criou um tetraplóide, uma nova espécie, "o híbrido fértil da couve e do rabanete." (que nunca chegou às nossas mesas, pois formou-se uma planta com a raiz da couve e as folhas do rabanete…).
Apesar de ter sido um falhanço culinário, esta experiência permitiu compreender o fenómeno de especiação por Poliploidia.

"Actualmente, muitas das plantas cultivadas são poliplóides, como batatas, bananas, cana de açúcar e café, bem como, calcula-se, cerca de 47% das angiospérmicas.




Os organismos poliplóides são geralmente maiores, mais fortes e com maior capacidade de adaptação a novas condições que os organismos diplóides pois apresentam uma grande resistência a doenças genéticas e a mutações devido à redundância genética, o que lhes permite “fugir” um pouco ás pressões de selecção.



Este fenómeno da poliploidia não parece apresentar grandes problemas em plantas, pois dado que estas podem reproduzir-se ao longo de incontáveis gerações apenas vegetativamente (assexuadamente), os indivíduos estéreis podem manter-se até que a poliplóidia ocorra espontaneamente."

Adaptado de Porto Editora, Biologia de12ºAno 2001

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